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Oi, tudo bem? Seja bem-vindo!

O projeto 'Amigo bicho' é vinculado ao Amor em 4 patas e vai funcionar como um mural de depoimentos. Aqui você compartilha a sua história com os pets ou com qualquer outro animal que tenha marcado a sua vida. Caso você queira fazer uma homenagem para a sua estrelinha que partiu, esse espaço é todo seu.

Orientações:

- Mande sua história de forma resumida, tá bem?

- Certifique-se de ter escrito o nome do animal certinho.

- Tem mais de uma história? Manda ver! Mas lembre-se de enviá-las separadamente.

- Caso você queira compartilhar uma história, mas por algum motivo não quer revelar seu nome, sinalize no final do depoimento que prefere manter sua identidade em anônimo.

- Histórias que envolvam crueldade animal intencional e/ou comercialização: caçadas, eventos de rinhas, exploração ou venda de animais, não serão compartilhadas e estão passíveis de denúncias, conforme a Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.

- Mande para os amigos. Quem sabe eles também queiram compartilhar uma história por aqui!

Mande sua história!
O que te motivou a compartilhar?

Oba, muito obrigado!

Amigo Bicho

Pontilhado fazendo caminho de abelha em formato de coração
Pontilhado fazendo caminho de abelha em formato de coração

Um adeus à Xang

Isadora, 22 anos

Xang Miau Mansa Pacífica de Oliveira Sossegada, de pacífica só tinha o nome. Era arteira, amava um chamego e me acalentou muitas vezes. Foi meu alento quando eu não entrei na faculdade e chorei por horas sozinha. Saiu da mesma forma que chegou, repentinamente, levando meu coração junto. No dia que passei na universidade, alguém deixou o portão aberto e você sumiu. Te procurei tanto, mas tanto... Chorei por meses a sua perda. Não sei se você está no céu dos gatinhos ou se tem outro lar de amor, mas espero que esteja bem e feliz. Obrigada por tanto, Xang.

Meu irmãozinho Mustafá

Matheus, 23 anos

Era uma manhã de janeiro quando eu saía do quarto para tomar café e me deparava com ele escondido embaixo da mesa, assustado, aflito. Havia acabado de sair de perto da mãe. Magro, um pouco indefeso, mas sempre astuto, me evitava. Foi aí que coloquei um vídeo aleatório do youtube com sons igualmente aleatórios de gatos para tocar sem parar. Foi o suficiente para ele chegar perto todo curioso, e como se fosse eu quem estivesse emitindo os sons, ele começou a se esfregar em mim. Eu e o Mustafá estávamos apresentados.

O nome Mustafá foi inspirado no gato do Murat, personagem do Lima Duarte na novela belíssima. Como ele foi adotado pela minha mãe, acabei não sendo o pai de pet, mas sim o irmão de pet. Sempre me dispus a cuidar dele da melhor maneira possível, mesmo depois das fugas estressantes quando a gente vacilava com o portão aberto, e principalmente depois de sustos inesquecíveis, como quando o cachorro do vizinho entrou em casa e foi atrás dele. Ágil, o Mustafá foi para trás da casa e depois sumiu, o cachorro deu a volta e foi embora, só que tinha um detalhe: Eu não sabia o que o cachorro tinha na boca. Depois de 30 minutos lamentando a suposta partida do meu irmão mais novo, o Mustafá reapareceu, sabe-se lá de onde, botando eu minha mãe aos prantos. Foi só um susto. Dali para frente prometi que ia cuidar dele em dobro.

Porém quando fiz essa promessa eu não esperava que ele também ia cuidar de mim. Afinal, naquela altura da minha vida, empolgado com TCC, basquete, e o que era para ser o último ano de universidade, eu nunca ia imaginar que ia passar pelos piores momentos da minha vida. Mas nesses momentos ele sempre esteve lá. Nas crises de ansiedade, durante as volições suicidas, durante os choros de saudade, ou em cima da cama quando eu nem sequer conseguia levantar para tomar banho, quando emagreci, quando não conseguia comer, quando parecia não haver mais luz e principalmente quando literalmente não havia mais luz.

A verdade é que nos piores e nos melhores dias dessa casa meu irmãozinho foi presença, afeto e luz constante. No fim das contas eu não consigo imaginar o que teria sido os piores momentos dessa casa se ele não estivesse aqui. Talvez eu também não estaria. Porque no fim das contas, quando eu não queria fazer absolutamente mais nada ou sequer viver, o que me manteve vivo foi a necessidade de retribuir todo amor que ele sempre me deu apenas com presença constante.

São apenas 2 anos e meio de Mustafá. 2 anos e meio de amor fraterno. 2 anos e meio de esperança. E me assusta o quão pouco tempo isso é para mim e o tanto de tempo que isso é para ele.  Mas no fim das contas acredito que a minha principal função enquanto irmão mais velho é tornar a vida dele a melhor possível. Fazer com que a passagem seja tranquila e proporcionar a ele todo conforto, afeto e dignidade que ele merece. Vou fazer de tudo para ter muito mais para escrever no futuro. E espero também ser o melhor irmão do mundo, assim como ele já é para mim.

Fiona, a ogra

Luiza, 23 anos

Foi um único miado. Pedi para minha mãe parar o carro no meio da avenida em horário de pico, e estranhamente ela parou. Desci, vi um vulto branco encardido minúsculo atravessar correndo entre os caminhos e o resgate, que pensei que seria simples, me fez correr dois quarteirões e invadir uma casa para ser feio. Hoje entendo que era uma anunciação do furacão Fiona na minha vida. Primeiro chamei de 'Tapioca', mas era longo demais. A verdade é que Fiona casava perfeitamente com a personalidade de uma gata que, aos olhos externos, exalava elegância e um falso pedigree, mas que sempre foi selvática, vaidosa é muito, muito debochada. A Fiona chegou pequena, quase sem pelos. Era o próprio patinho feio que virou cisne.

 

Foi crescendo em meio aos pelos até virar uma espécie de leoa albina, que não só caça como pari os filhos debaixo da árvore. A primeira coisa que aprendi com ela é que podemos sim ser duas coisas opostas. Pela fama de odiosa e desconfiada, acho que conto nos dedos às vezes que consegui ganhar um carinho por mais de 10 minutos vindo dessa gata. Feminista que só ela, me ensinando sobre consentimento, que nem sempre respeito porque não me seguro em ver sem apertar, ainda que o resultado seja uma mordida.

 

Sommelier de ração e marmita de frango, ama beijinho de moça e sempre usa o banheiro enquanto faço minhas refeições. Amola as unhas 3 vezes ao dia e gosta de ver novela. É uma verdadeira idosa com a rotina regrada e ai de quem altere isso. Se estou perto, mia para pedir espaço porque sou grudenta, mas se estou longe, só silencia com uma latinha de petisco ao chorar minha ausência. A Fiona foi o ser que me ensinou que amor e posse não são sinônimos, apesar de eu ser a humana dela, e não o contrário.

- "Que linda a tua gata"
- "Gostasse? Achei na rua".

Os gêmeos

Gilzion, 26 anos

“Os gêmeos”, como todos nós os chamamos, são da mesma ninhada, mas adotados em momentos diferentes. Adotei Yety com um mês de idade, quando chegou ela era só uma bolinha que não desgrudava de mim. Maylon tem uma história mais complicada, foi adotado por um casal que, após uns meses, se separou. Ele permaneceu com a dona, que passou a espancá-lo, até decidir o abandonar. Minha mãe o pegou da rua e me avisou, no mesmo dia dei um banho nele e o trouxe pra minha casa.

 

Desde o momento que recebi a mensagem senti no meu coração que aquele bebezão tão novo mas já tão sofrido era meu, não sei explicar, mas sabia que ele tinha que ficar comigo. Os maus tratos deixaram marcas físicas e emocionais, ele desenvolveu ansiedade de separação e infecções pelo corpo, especialmente em uma das patas. O mais grave foi uma miíase com necrose gravíssima na parte traseira. A situação foi tão feia que num certo momento achávamos que ele não resistiria.

 

Um dia acordei e ele tinha desaparecido de casa, imagina, com um buraco de miíase enorme aberto na traseira e sem conseguir andar! Na época, morávamos numa chácara na beira de um Igarapé, e minha primeira reação foi pensar que ele tinha caído na água. A segunda reação foi cair no choro. Liguei para meus pais, ainda chorando, e fiz eles se colocarem à caminho da minha casa na hora. Saí na rua CHORANDO e perguntando aos vizinhos se o tinham visto. Além de tudo, ele usava um cone no pescoço, então seria fácil reconhecer.

 

Ninguém tinha visto, então me restava apenas uma coisa a fazer: entrar na mata atrás de casa para procurar, e foi isso que fiz. Furei o pé, fui atacado por carapanãs, tenho certeza que escapei da picada de uma cobra, atolei na lama, mas nada! Voltando, completamente derrotado, escuto as vozes dos meus pais, e DOIS latidos diferentes, corri o máximo que a mata fechada permitia, e quando consegui sair ele tava lá, todo sujo de lama. Segundo os meus pais, assim que entraram no terreno ele saiu da mata e os recebeu. No final das contas ele nunca tinha saído de perto de casa.

 

Nunca desisti do Maylon e ele conseguiu superar todos os traumas e maus tratos, se recuperar completamente e hoje é saudável, feliz e muito amado. Ele e a irmã completaram dois anos recentemente. 

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