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O dia é de quem trabalha e levanta cedo para colocar o pão na mesa. Já a noite, é dos gatos. O silêncio e a escuridão são o anúncio de que as ruas já estão livres para eles, e os telhados também. Não existe uma casa no universo que não tenha servido como um ‘motel’ para eles, assim como as noites mal dormidas por conta dos gritos estridentes e das brigas.

Allana e parte de sua família materna moram em casas vizinhas, todas ao redor do açude, herança dos avós, então o que acontece na casa de um, também se estende às demais residências. Mesmo que nem todos sejam adeptos à criação de gatos, é quase impossível não conviver com os felinos morando perto da protetora.

Velho de guerra, das ruas e da trambicagem, Brasilit é um gato que vinha diariamente na casa de Allana reclamando alimento. Sem negar um potinho cheio, a jovem sempre o alimentou com gosto, afinal, no momento, era tudo o que podia fazer pelo pobre coitado, quer dizer… pobre sim, coitado? Nem tanto. Quando ela estava grávida, ele fez sua primeira aparição, há mais ou menos um ano.

O miado persistente foi o que chamou a atenção de Allana. O som vinha do quintal ao lado, um restaurante fechado há tempos. Ela conta que ele ainda era filhote e como não conseguia alcançar o gato pelo muro, descia comida e água em potes presos a um fio. Depois de grande, o gato ficou arisco e não aceitava contato, seus irmãos foram resgatados, mas ele não.

Segundo a mãe de Allana, o gato foi o responsável por roer os fios das câmeras de segurança da casa, o que gerou meses de transtorno e só foi consertado há pouco tempo. Todas as noites, na encolhida, o astuto espera os humanos colocarem sua ração no telhado, e só então se alimenta sem interrupções.

O nome foi escolhido porque o safado vive andando por cima das casas, e já quebrou algumas telhas também. Mesmo sendo alimentado, fazia questão de descer religiosamente para rasgar os sacos de ração para comer a refeição dos cachorros, que ficavam armazenados na garagem da casa de Allana. Um transtorno danado.

Brasilit é conhecido nas redondezas, já que passa de casa em casa e não deixa nenhum outro gato se aproximar dos telhados do açude, ou é confusão na certa. Vigia dos bons e bandido por natureza, o guerreiro arisco é quase invisível, mas sempre deixa seus rastros como assinatura, sempre resultando em prejuízo no bolso dos que se atrevem a ‘hospedá-lo’. Em algumas noites de sorte, as câmeras da casa ao lado captam o danadinho dormindo por cima das cadeiras, mas é só ouvir barulho, que ele dá no pé novamente, e aí, boa sorte para achá-lo.

Mas caso precisem, a lenda dos telhados atende quando ouve o barulho de ração, você não poderá vê-lo, mas ele sim com toda certeza, e assim que a comida desaparecer… bom, aí você sabe que ele passou por ali.

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